sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ilustração(Pagínas Ilustradas)

UMA EMOCIONANTE HISTÓRIA DE VIDA

John Powell, S.J., professor da Loyola University de Chicago, escreve a respeito de um aluno de uma turma sua de Teologia da Fé, chamado Tommy.

Há cerca de doze anos atrás, eu estava em pé, dentro da classe, esperando, enquanto meus alunos entravam para nossa primeira aula de Teologia da Fé. Aquele foi o primeiro dia em que vi Tommy. Tanto meus olhos quanto a minha mente piscaram ao vê-lo. Ele estava penteando seus cabelos longos e muito louros que batiam uns vinte centímetros abaixo dos ombros. Aquela era a primeira vez em que eu via um rapaz com cabelos tão longos. Acho que estavam começando a entrar na moda.
Dentro de mim, eu sei que o que conta não é o que vai sobre a cabeça, mas o que vai dentro dela, mas naquele dia eu estava despreparado e minhas emoções me confundiram. Imediatamente classifiquei Tommy com um "E" de estranho... Muito estranho.
Tommy acabou se revelando o "ateísta de plantão" do meu curso de Teologia da Fé. Constantemente, ele fazia objeções, fazia troça ou gemia contra a possibilidade de existir um Deus-Pai que nos amasse incondicionalmente. Convivemos em relativa paz um com o outro por um semestre, embora eu tenha que admitir que às vezes ele era um estorvo às minhas costas.
Quando ao fim do curso, ele se aproximou para entregar seu exame final, ele me perguntou num tom ligeiramente cínico: "O senhor acredita que eu possa encontrar Deus algum dia?"
Imediatamente eu me decidi por uma terapia de choque.
"Não!", respondi enfaticamente.
"Ah!", ele respondeu, "eu pensei que este fosse o produto que o senhor estava tentando nos impingir".
Eu deixei que ele desse uns cinco passos fora da sala quando gritei para ele:
"Tommy, eu não acredito que você consiga encontrar Deus, mas tenho absoluta certeza de que Ele o encontrará".
Ele deu de ombros e saiu da minha sala e da minha vida.
Eu fiquei ligeiramente desapontado diante da idéia de que ele não tivesse escutado minha frase tão inteligente:
"Ele o encontrará!"
Pelo menos eu achei que era inteligente...
Mais tarde eu vim a saber que Tommy tinha se formado e eu fiquei especialmente aliviado; depois, uma notícia triste: eu soube que Tommy estava com um câncer terminal.
Antes que eu pudesse ir a sua procura, ele veio me ver.
Quando ele entrou no meu escritório, reparei que seu físico tinha sido devastado pela doença e que os cabelos longos tinham caídos todos como resultado da quimioterapia.
Mas os seus olhos estavam brilhantes e a sua voz estava firme, pela primeira vez na vida, acredito eu.
"Tommy, tenho pensado tanto em você! Ouvi dizer que você estava doente!", disparei.
"Ah, é verdade, estou muito doente. Tenho câncer em ambos os pulmões. É uma questão de semanas agora".
"Você consegue conversar a respeito disso, Tommy?"
"Claro, o que o senhor gostaria de saber?"
"Como é ter apenas vinte e quatro anos e estar morrendo?"
"Acho que poderia ser pior".
"De que maneira?"
"Bem, assim como ter cinqüenta anos e não ter noção de valores ou ideais, assim como ter cinqüenta anos e pensar que bebida, mulheres e dinheiro são as coisas verdadeiramente "importantes" na vida."
Comecei a procurar através do meu arquivo mental a letra "E" onde eu havia classificado Tommy como "estranho".
(Parece que todas as pessoas que tento rejeitar na vida com estas minhas classificações, Deus as manda de volta como que para me ensinar uma lição).
"Mas a razão pela qual eu realmente vim vê-lo", disse Tommy,
"foi a frase que o senhor me disse no último dia de aula".
(Ele se lembrava!) Tommy continuou.
"Eu lhe perguntei se o senhor acreditava que eu encontraria Deus algum dia e o senhor respondeu, 'Não!', o que me surpreendeu. Em seguida, o senhor disse 'mas Ele o encontrará'. Eu pensei um bocado a respeito daquela frase, embora naquela época eu não pensasse muito em procurar por Deus.
(Minha frase "inteligente". Ele tinha pensado muito a respeito!)
"Mas quando os médicos removeram um nódulo da minha virilha e me disseram que era um tumor maligno, aí encarei com mais seriedade a procura de Deus. E quando a doença espalhou-se pelos meus órgãos vitais, eu comecei, realmente, a dar murros desesperados nas portas de bronze do paraíso. Mas Deus não apareceu. De fato, nada aconteceu. O senhor já tentou fazer alguma coisa por um longo período de tempo, sem sucesso? A pessoa fica psicologicamente saturada, cansada de tentar. E então, desiste. Um dia, eu acordei e em vez de atirar mais alguns apelos por cima de um muro alto de tijolos, atrás de onde Deus poderia ou não estar, eu desisti simplesmente. Eu decidi que de fato não estava me importando... com Deus, com uma vida eterna ou qualquer coisa parecida. E decidi gastar o tempo que me restava fazendo alguma coisa mais proveitosa. Eu pensei no senhor e nas suas aulas e eu me lembrei de outra coisa que o senhor tinha dito: 'A tristeza mais profunda, essencial, é passar pela vida sem amar'. Mas seria quase tão triste passar pela vida e deixar este mundo sem jamais ter dito às pessoas que você as amou, que você as tinha amado. Então comecei logo pela pessoa mais difícil: meu Pai. Ele estava lendo o jornal quando me aproximei dele e disse: 'Papai'. . .'Sim, o quê?' Ele perguntou sem baixar o jornal. 'Papai, eu gostaria de conversar com você.' 'Então converse, vamos, fale logo.' 'É um assunto muito importante, papai!' O jornal desceu alguns centímetros vagarosos. 'O que é, diga logo?' 'Papai, eu te amo. Eu só queria que você soubesse disso."
Sorrindo para mim, Tommy disse com uma satisfação evidente, como se ele sentisse uma alegria quente e secreta fluindo dentro dele.
"O jornal escorregou para o chão e o meu pai fez duas coisas que eu não me lembro de tê-lo visto fazer jamais na vida:
Ele chorou e me abraçou demoradamente. E conversamos durante toda a noite, embora ele tivesse que ir trabalhar na manhã seguinte. Foi tão bom poder me sentir junto do meu pai, ver e sentir as suas lágrimas fluírem pelo seu rosto, sentir o seu abraço apertado, ouvi-lo dizer que me amava. Foi mais fácil com a minha mãe e com o meu irmão mais novo. Eles choraram comigo também e nós nos abraçamos e começamos a falar coisas realmente boas uns para os outros. Falamos sobre as coisas que tínhamos mantido segredo por tantos anos. Eu só lamentei uma coisa: que eu tivesse esperado tanto tempo. Naquele momento eu estava apenas começando a me abrir com todas as pessoas com as quais eu me sentia ligado. Então, um dia, eu me voltei e lá estava Deus. Ele não veio ao meu encontro quando eu Lhe implorei. Eu acho que eu tinha agido como um domador de animais que segurando um aro, diz: 'Vamos, pule! Eu lhe dou três dias... Três semanas'. Aparentemente Deus age a Seu modo e a Seu tempo. Mas o que é importante é que Ele estava lá. Ele me encontrou. O senhor estava certo. Ele me encontrou, mesmo depois de eu ter parado de procurar por Ele."
"Tommy," eu disse quase soluçando, "eu acho que o que você está dizendo é alguma coisa muito mais importante e muito mais universal do que você pode imaginar. Para mim, pelo menos, você está dizendo que a maneira mais certa de se encontrar Deus, não é fazer d'Ele um bem pessoal, uma solução para os próprios problemas ou um consolo instantâneo em tempos difíceis, mas sim tornando-se disponível para o amor. O apóstolo João disse isto: 'Deus é Amor e aquele que vive no amor vive com Deus e Deus vive com ele. Tommy, posso lhe pedir um favor? Você sabe que quando você foi meu aluno, você me deu muito trabalho. Mas, (aos risos) agora você pode me recompensar por tudo aquilo. Você viria a minha aula de Teologia da Fé e contaria aos meus alunos o que você acabou de me contar? Se eu lhes contasse a mesma história, não calaria tão fundo neles."
"Oooh! Eu estava preparado para vir vê-lo, mas não sei se estou preparado para enfrentar seus alunos."
"Tommy, pense nisto. Se você se sentir preparado, telefone para mim".
Alguns dias mais tarde, Tommy telefonou e disse que falaria para a minha turma, que ele queria fazer aquilo por Deus e por mim. Então marcamos uma data.
Mas, ele não pode vir. Ele tinha outro encontro, muito mais importante do que aquele com a minha turma e comigo. É claro, que sua vida não terminou realmente com a sua morte, apenas se transformou. Ele tinha dado o grande passo da fé para a visão. Ele foi ao encontro de uma vida muito mais bonita do que os olhos humanos jamais viram ou que os ouvidos humanos jamais ouviram ou que a mente humana jamais imaginou.
Antes de morrer, ainda conversamos uma vez. "Não vou ter condições de falar com sua turma", ele disse. "Eu sei, Tommy". "O senhor falaria com eles por mim? O senhor falaria... com todo mundo por mim?" "Vou falar, Tommy. Vou falar com todo mundo. Vou fazer o melhor que puder".
Portanto, a todos vocês que foram tão bons e pacientes em escutar esta declaração de amor tão singela, obrigado por fazê-lo. E a você, Tommy, onde quer que você esteja nas colinas verdejantes e ensolaradas do paraíso: eu falei com todo mundo... Do melhor modo que eu consegui.
E se esta história significa alguma coisa para você... "Os amigos são o meio pelo qual Deus cuida de nós".


Fonte:Pagínas Ilustradas(E-mail recebido)

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