sábado, 17 de março de 2012

BEM-AVENTURADOS OS QUE SUPORTAM E ESPERAM

São muitas as lições e referências do Salmo 119, daí a importância de se concentrar num tema específico para extrair dele o máximo possível. Um desses temas é a aflição. O salmista diz no v. 71 que “foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos”. Soa estranho ver algo bom na aflição, na tribulação, ainda mais numa época em que o discurso triunfalista ecoa de forma tão vibrante, afirmando que o sinal distintivo do cristão é exatamente a ausência de aflição.
O salmista declara no v. 14: “Folgo mais com o caminho dos teus testemunhos do que com todas as riquezas”. Infelizmente, muitas pessoas reescreveriam este versículo assim: “Folgo mais com todas as riquezas do que com o caminho dos teus testemunhos”. Entretanto, o salmista não dá atenção especial às riquezas e enaltece a aflição como uma espécie de “terapia”, por assim dizer, ainda que dolorosa, para se aprender e fixar os ensinamentos da Palavra de Deus.
Esta é certamente a experiência de muitos cristãos, que através da dor e do sofrimento se achegam mais a Deus e à Sua Palavra. No v. 67 o salmista já dizia que “antes de ser afligido, eu me extraviava; mas agora guardo a tua palavra”, o que lhe dá a firmeza a que se refere no v. 133 “Firma os meus passos na tua palavra; e não se apodere de mim iniquidade alguma”.
Esta ideia da aflição como uma etapa necessária do crescimento espiritual do cristão é recorrente nas Escrituras. No Novo Testamento, Paulo retoma este tema: ”E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” Rm 5:3-5
Logo, o cristão não deve fugir das aflições e tribulações a todo custo, ou ver nelas uma negativa do socorro divino. O próprio salmista apela a Deus dizendo: “olha para a minha aflição, e livra-me, pois não me esqueço da tua lei” (Salmo 119:153). Neste caso ele não estava sendo afligido para que aprendesse a lei como havia dito no v. 71, mas mesmo não se esquecendo dela, estava passando por aflição e clamava a Deus por livramento. Na tribulação e na angústia, o salmista encontrava prazer nos mandamentos de Deus, não porque os havia transgredido antes, mas por aceitar que o sofrimento e a dor faziam parte do seu crescimento. Guardadas as devidas proporções, sua atitude se assemelha àquela que Paulo atribui a Abraão, que “à vista da promessa de Deus, não vacilou por incredulidade, antes foi fortalecido na fé, dando glória a Deus, e estando certíssimo de que o que Deus tinha prometido, também era poderoso para o fazer” (Rm 4:20-21).
A Palavra de Deus também é promessa, e bem-aventurado aqueles que a guardam, respeitam e esperam, mesmo na aflição, como diz o salmista no Salmo 91:15, “Quando ele me invocar, eu lhe responderei; estarei com ele na angústia, livrá-lo-ei, e o honrarei”.

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