Seguramos o fôlego enquanto ele desaparecia no túnel. Éramos cinco.
Cinco meninos cheios de alegria. Estávamos de férias e resolvemos fazer
alguma coisa no terreno vago perto de casa.
Naquele dia especial parecia-nos que a atenção do mundo inteira se
concentrava naquele túnel. Havíamos cavado um buraco de cerca de um
metro de largura e um metro e meio de profundidade que atravessava o
terreno. Para dar-lhes a aparência de um túnel, nós o cobrimos com
placas de madeira compensada cobertas com uma camada grossa de terra.
Camuflamos a entrada e a saída com ramos de árvores e, pronto!
Tínhamos um túnel, subterrâneo, preparado para entreter toda a meninada
da vizinhança enquanto combatiam índios, escapavam de ser presos como
escravos, e invadiam a Normandia.
Aquele era o dia do teste do túnel. Seria forte o bastante?
Suficientemente largo? Iria desmoronar? Será que era profundo demais?
Comprido demais? A única maneira de descobrir tudo isso era arranjar um
voluntário para atravessá-lo pela primeira vez. (minha memória talvez
falhe neste ponto, mas penso que foi meu irmão que concordou em
experimentar o túnel).
Que momento de tensão! Nós cinco ali parados. Dissemos as últimas
palavras de encorajamento. Demos tapinhas em suas costas. (admirávamos o
seu auto-sacrifício).
Ficamos em silêncio enquanto ele se abaixou, firmando-se nas mãos e
nos pés, e entrou no túnel. Prendemos a respiração enquanto observávamos
as solas de seus tênis desaparecem na escuridão.
Ninguém falou enquanto esperava. O único movimento era o pulsar de
nossos jovens corações, enquanto fixávamos os olhos na saída do túnel.
Finalmente, depois de cada um de nós ter morrido praticamente mil
vezes, a cabeça loura do meu irmão apareceu do outro lado. Posso
lembrar-me de seu polegar levantado em triunfo enquanto escorregava para
fora, gritando: “Não é difícil. Não se preocupem!” E quem podia dizer o
contrário diante do testemunho de vê-lo vivo e bem disposto, pulando na
saída do túnel? Todos entramos nele!
Existe algo sobre um testemunho vivo que nos encoraja. Uma vez que
vemos alguém saindo dos túneis escuros da vida, compreendemos que nós
também podemos vencer.
Será que Jesus foi chamado de nosso pioneiro por isso? Teria sido
essa uma das razões que o fizeram consentir em entrar nas medonhas
câmaras da morte? Deve ter sido.
Suas palavras, embora convincentes, não bastaram. Suas promessas,
apesar de verdadeiras, não conseguiram acalmar o medo do povo. Seus
atos, até mesmo o de ressuscitar Lázaro da morte, não convenceram a
multidão de que a morte não devia ser temida.
Aos olhos da humanidade, a morte continuava sendo o véu negro que a separava da alegria.
Coube ao Filho de Deus revelar a verdadeira natureza desta força. Na
cruz ocorreu a revelação. Cristo mostrou as cartas de Satanás cansado de
ver a humanidade iludida por um disfarce, Ele entrou no túnel da morte
para provar que havia uma saída. Enquanto o mundo escurecia, a
humanidade segurava sua respiração.
Satanás desferiu seu melhor golpe, mas não foi suficiente. Nem a
escuridão do túnel do inferno pôde vencer o Filho de Deus. Nem mesmo as
suas câmaras conseguiram fazê-lo parar. Legiões de demônios aos gritos
nada puderam fazer contra o Leão de Judá.
Cristo saiu do túnel da morte, levantou a mão triunfante para o céu, e
libertou a todos do medo de morrer. Ele fez isso também para nos
libertar de todos os medos – o medo da derrota, o medo do fracasso, o
medo da frustação, o medo da rejeição….Qualquer medo. Ele
atravessou aquele túnel também para nos libertar dos nossos fardos – o
fardo do pecado, o fardo do sacrifício, o fardo de ter que pagar a
dívida que Ele, com Seu precioso sangue, já pagou.
Max Lucado, em “EXPERIMENTANDO O CORAÇÃO DE JESUS”
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