Sem chances
Por mais paradoxal que seja, a esperança se manifesta mais fortemente
quando os segmentos das razões humanas se acabam, quando não há a chance
de se criar uma saída, quando não existe uma história a ser
construída, quando não existe nenhum possível em nenhum sentido. Nesses
casos, a esperança é a própria expressão do “apesar de tudo”. A
esperança é a afirmação de um risco
total; é a contradição do que está falido, é a ressurreição antes dela, é
a dízima periódica de um milagre.
A esperança se manifesta
fortemente quando DEUS revela aquela Suapresença-ausência tão fortemente
sentida. Esta afirmação pode ser percebida na experiência de Moisés
quando DEUS o enviou ao Egito a fim de libertar os hebreus:
“Então, Moisés, tornando-se ao Senhor disse: Ó Senhor, por que afligiste
este povo? Por que me enviaste? Pois, desde que me apresentei a Faraó,
para fala-lhe em Tu nome, ele tem maltratado este povo. E Tu de nenhuma
sorte o livraste.”
DEUS sempre está presente, mas há vezes em
que ELE manifesta uma presença-ausência para não nos tirar da esperança.
Sua presença nos estimula na esperança, mas Sua ausência nos conduz a
ela.
A esperança está entre a promessa e a realização. Ela
existe nesse hiato. Nessa brecha. Ela é a substância que preenche o
vazio entre o que DEUS falou e o que DEUS fará. A esperança completa o
espaço entre o que recebemos historicamente como promessa e o que
esperamos historicamente como realização.
Caio Fábio, em “VIVER: DESESPERO OU ESPERANÇA?”
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