quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O ROSTO HUMANO DE DEUS

Jesus introduziu profundas alterações no modo pelo qual vemos a Deus. Principalmente, trouxe Deus para mais perto.
Para os judeus que conheciam um Deus distante, inefável, Jesus trouxe a mensagem de que Deus se importa com a relva dos campos, alimenta os pardais, conta os cabelos da cabeça de uma pessoa. Se eu ficasse entregue a mim mesmo, acabaria tendo uma noção muito diferente de Deus. Meu Deus seria estático, imutável; eu não imaginaria Deus “indo” e “vindo”. Meu Deus controlaria todas as coisas com poder, extinguindo a oposição rápida e decisivamente. Como um garoto muçulmano contou ao psiquiatra Robert Coles: “Alá diria ao mundo, a todos: ‘Deus é grande, muito grande’ [...] Ele obrigaria todos a crer nele, e, se alguém se recusasse, morreria — isso é o que aconteceria se Alá viesse aqui”.
Por causa de Jesus, entretanto, tenho de ajustar as minhas noções instintivas acerca de Deus. (Talvez isso estivesse no cerne de sua missão?) Jesus revela um Deus que nos busca, um Deus que dá lugar à nossa liberdade mesmo quando isso custa a vida do Filho, um Deus vulnerável. Acima de tudo, Jesus revela um Deus que é amor.
Por nós mesmos, algum de nós chegaria à noção de um Deus que ama e deseja ser amado?
Os que foram criados na tradição cristã podem não alcançar o choque da mensagem de Jesus, mas na verdade o amor nunca foi uma maneira normal de descrever o que acontece entre seres humanos e o seu Deus. Por uma única vez o Alcorão aplica a palavra amor a Deus. Aristóteles declarou bruscamente: “Seria extravagante alguém declarar que ama a Zeus” — ou que Zeus amasse um ser humano, da mesma forma. Em fascinante contraste, a Bíblia cristã afirma “Deus é amor” e cita o amor como o motivo principal de Jesus vir ao mundo: “Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em que Deus enviou o seu Filho unigénito ao mundo, para que por meio dele vivamos”. (I João 4, 9)

Philip Yancey, em “O JESUS QUE EU NUNCA CONHECI”

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