domingo, 8 de abril de 2012

NÓS SOMOS OS CARRASCOS

É sempre aconselhável ver e rever o filme A Paixão de Cristo, dirigido por Mel Gibson, exibido em 2004. De todos os filmes já feitos sobre a crucificação de Jesus, nenhum descortinou o sofrimento do Senhor como este. Hoje, especialmente, é um dia em que o drama deve ser novamente assistido.
Até hoje as pessoas, ao assistirem a película, sentem-se desconfortáveis e chocadas com as cenas desconcertantes. O filme desnudou o padecimento de Jesus bem diante dos nossos olhos, esfregando a dor de Cristo na nossa cara.
Acredito que tal realismo serve para nos mostrar que aquele sangue está nas nossas mãos; é oportuno para nos vermos disseminados no meio daquela multidão que pedia Sua crucificação, para que eu e você enxerguemos nossa mão empunhando o chicote, forçando os espinhos e cuspindo no rosto ensanguentado daquele HOMEM. Não, não foram apenas os judeus os responsáveis por aquele assassinato selvagem, nós também somos.
Pior que isso, nós repetimos todos aqueles atos bárbaros e O levamos a sofrer todo aquele suplício novamente todas as vezes que não fazemos o que Ele nos ensinou, todas as vezes que não vestimos Seus valores e princípios. Sim, nós O torturamos, O cortamos, O sacrificamos através das nossas vaidades descomunais, nas nossas ambições desmedidas, na nossa incapacidade de perdoar. O açoitamos quando nossa intolerância campeia incontrolável; quando julgamos as falha (nos outros) com facilidade e desenvoltura, ou quando substituímos nossa solidariedade pelo egoísmo e omissão. Chibateamos Sua pele através da nossa impossibilidade de amar aqueles que são diferentes de nós, que vivem fora do nosso mundinho; quando, por meio da nossa inaptidão em dividir, ou da nossa inversão de prioridades, deixamos a fome e a miséria prosperarem incólumes, ceifando a dignidade humana; quando, imperturbáveis, nutrimos caprichosamente nosso rancor, nosso orgulho e nossas verdades absolutas, que nunca abrem espaço para o diálogo, entulhando o caminho da paz.
Quando você vê aquelas cenas, sente enjôo? Fica exasperado(a)? Aquilo  tudo te causa calafrios? Pois lembre-se que talvez você esteja fazendo exatamente o mesmo nesse exato momento. Talvez você esteja fazendo isso sempre.
Eu tenho consciência que fiz e continuo deliberadamente fazendo. Sabendo disso, eu tenho nojo é de mim mesma, e agradeço a Deus por SUA PAIXÃO por mim. Agradeço por Ele não me tratar como eu O trato, por Ele não me quebrar como eu O quebro, por Ele não me julgar como eu mereço. Mas, ao contrário, se chegar sempre com muita gentileza, sensibilidade e AMOR, me fazendo lembrar da minha mesquinhez e estupidez. Agradeço-O por me presentear sempre com a oportunidade do arrependimento para receber, imediatamente, automaticamente o SEU maravilhoso perdão.
Neuma Fernandes

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